Samba/Pagode




SAMBA                                                             (2 de Dezembro é o dia do samba brasileiro.)

O estilo musical que unificou o país e faz parte da identidade nacional, tem origem numa mistura de elementos africanos, baianos, indígenas e carioca. 
Nasceu da influência de ritmos trazidos por colonizadores e colonizados, ainda na época do Brasil império, e foi adaptado principalmente por ex-escravos e membros das classes mais baixas para a realidade brasileira.
A partir de um caldeirão cultural, e bem antes da semana de arte moderna de 1922, os negros e brancos pobres do Rio de Janeiro já absorviam antropofagicamente as influências externas e transformavam isso numa nova cultura, que viria a ser chamada de cultura brasileira.
Este samba , que antigamente era chamado de batuque, sofreu inúmeras transformações sociais até chegar nas características conhecidas do samba atual. 
Descendente do lundu, estilo de canto e dança muito popular no século XIX, o samba em sua estrutura começou como uma espécie de dança de roda (umbigada,) trazida ao Brasil pelos escravizados de origem Bantu.
Aqui o ritmo ganhou melodia de cordas africanas introduzidas pelos sudaneses, a chula.
A origem do samba, está intrinsecamente ligada a economia escravista brasileira de meiados do século XIX, onde, com a transferência da mão de obra escravizada da Bahia para o Vale do Paraíba e, após o declínio da produção cafeeira e a abolição da escravatura, os negros começaram seu deslocamento em
direção a capital do império, o Rio de janeiro.
Instalados nos bairros cariocas de Gamboa, Saúde e posteriormente Estácio, região conhecida como Pequena África, eles dariam inicio a divulgação dos ritmos africanos na corte. 
Eram nas casas das tias baianas, que aconteciam as festas de terreiro, as umbigadas e as marcações
de capoeira ao som de batuques e pandeiros.

Essas manifestações culturais propiciariam a incorporação de características de outros gêneros cultivados na cidade, como a polca, o maxixe e o xote.
Deste modo, o samba carioca urbano ganha a forma e o ritmo conhecidos hoje. 
Em 1917 foi gravado em disco o primeiro samba chamado ''Pelo Telefone''.

A música, de autoria reivindicada por Donga (Ernesto dos Santos), geraria polêmica uma vez que, naquele tempo, a composição era feita em conjunto. 
Essa canção, por exemplo, foi criada numa roda de partido alto (pessoas que partilhavam dos antigos conhecimentos do samba e designava música de alta qualidade), do qual também participaram
Mauro de Almeida e Sinhô (José Barbosa da Silva), que se auto-intitulou ''o rei do samba''.
Após a primeira gravação, o samba conquistaria o mercado fonográfico e, com a inauguração do rádio em 1922 - único veículo de comunicação em massa até então - alcançaria as classes médias cariocas. 
O novo estilo seria, ainda, abraçado e redimensionado por filhos de classe média, como o ex-estudante de Medicina Noel Rosa e o ex-estudante de Direito, Ari Barroso, através de obras memoráveis como ''Tarzan, o filho do alfaite'' e ''Aquarela do Brasil''.
O advento do rádio ainda transformaria nomes como Francisco Alves, Orlando Silva e Carmen
Miranda em grandes ídolos do samba.
O Samba e a política
Nas primeiras décadas do século XX, o samba tinha sua temática voltada para a malandragem, era uma forma de rejeição ao trabalho.
Isto, porque, a classe operaária em formação na época, era formada por muitos ex-escravos, que deixando a servidão involuntária, foram jogados no mercado de trabalho, ou mesmo alijados deste, sem absolutamente nenhum preparo para competir com os brancos brasileiros e europeus que chegavam da Europa. Sobrava para estes trabalhadores, marcados pela dura realidade escravagista, um trabalho pesado
e humilhante, sem horário de inicio ou término da atividade e com condições miseráveis.
Poucos tinham êxito no que faziam a ponto de sentir satisfação. 
Esta insatisfação foi refletida na música, surgindo então à figura da malandragem, um atraente modo de vida, onde a instituição era de favores e clientelismo, e venda de proteção a comerciantes. 
Os trabalhadores eram chamados de “otários”.
Com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, a partir da década de 1930, o Estado Novo investiu pesado no uso da música como veículo de sua ideologia, exaltando o trabalho, chegando a distribuir verbas a escolas de samba, com a condição de que trocassem temas que evocassem a malandragem por temas
nacionalistas e patriotas incentivando o trabalho. 
Os problemas sociais ficavam escondidos, era proibido mencioná-los. 
Foi nesse contexto que através do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, que Getúlio Vargas prosseguiu na tentativa de alcançar seus objetivos de unificação e valorização da cultura nacional.
Seduzindo e convencendo, usou o samba sempre muito popular entre a massa, e o rádio um excelente meio de comunicação como seus aliados.
O DIP regulamentou e organizou o carnaval, inaugurou as regras do desfile de samba e concedeu premiações para as melhores músicas e para as escolas que se destacassem. Algo que com algumas poucas mudanças persiste até hoje.
Escolas de samba do Rio de janeiro
As escolas de samba nasceram entre as décadas de 20 e 30 e formaram-se com base nos Ranchos Carnavalescos, mas logo tomaram identidades próprias. 
As escolas de samba eram primitivas e rígidas e, ao longo do tempo, tornaram-se flexíveis, dando oportunidades para jovens e crianças. 
A Deixa Falar foi a primeira escola do Brasil, fundada em 18 de agosto de 1928, na cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Estácio, por Nilton Basto, Ismael Silva, Silvio Fernandes, Oswaldo Vasques, Edgar, Julinho, Aurélio, entre outros. 
As cores oficiais desta escola de samba eram o vermelho e branco e sua estréia no carnaval carioca ocorreu no ano seguinte a sua fundação.
O termo “escola de samba” foi usado porque na rua Estácio, onde aconteciam os ensaios, havia uma Escola Normal. 
A escola de samba Deixa Falar funcionava ao lado desta Escola Normal.
A Deixa Falar fez muito sucesso entre os moradores da região. 
Ela acabou por estimular a criação, nos anos seguintes, de outras agremiações de samba.
Surgiram assim, posteriormente, as seguintes escolas de samba: Cada Ano Sai Melhor, Estação Primeira (Mangueira), Vai como Pode (Portela), Vizinha Faladeira e Para o Ano sai Melhor.
Nestas primeiras décadas, as escolas de samba não possuíam toda estrutura e organização como nos dias de hoje. 
Eram organizadas de forma simples, com poucos integrantes e pequenos carros alegóricos. A competição entre elas não era o mais importante, mas sim a alegria e a diversão.
O samba e suas variações
O samba possuiu atualmente um sem número de variações, que vão do consagrado samba de breque, imortalizado nas vozes de Moreira da Silva, o Kid morengueira e Dicró, ao samba-reggae baiano famoso com o grupo Olodum, uma mistura dos batuques do samba tradicional a melodia do reggae jamaicano.
Bossa nova ( Tom Jobim, Vinicius), Samba-Soul ( Tim Maia, Hyldon, Cassiano), Samba-Jazz ( Don Salvador, Miele), Samba Rap ( Marcelo D2, Rapin hood) e chorinho, são algumas das variações que o samba adquiriu ao longo de sua história.

O dia do Samba
Reza a lenda que o Dia do Samba foi criado nos anos 1940, pela Câmara Municipal de Salvador.
A iniciativa teria sido de um vereador baiano, Luis Monteiro da Costa, para homenagear Ary Barroso, quando de sua primeira passagem pela capital baiana
O músico já havia composto o sucesso Na Baixa do Sapateiro, que exalta as tradições da capital da Bahia, mas nunca havia posto os pés naquela cidade.
Anos mais tarde, em 1962, durante a realização no I Congresso Nacional do Samba, no então Estado da Guanabara, o deputado estadual Frota Aguiar conseguiu aprovar um projeto de lei que tornou a comemoração um evento nacional. Desde 1972, a data é celebrada nas ruas das duas cidades.
No Dia Nacional do Samba no Rio, o trem da Central do Brasil que partem com destino a Oswaldo Cruz fica repletos de pagodeiros. 
Cada vagão transporta um grupo de sambistas famoso ou não, que vai tocando e cantando até chegar ao
bairro onde nasceu Paulo da Portela. 
O trem só pára na estação de Mangueira, para a Velha Guarda da Verde-e-Rosa entrar, e segue em frente. 
Em Oswaldo Cruz, todos desembarcam, e se formam várias rodas de samba que vão se espalhando até tomar conta de todo o bairro. 
E como em toda boa roda de samba, a festa só termina ao amanhecer. 
O Pagode do Trem é uma iniciativa do movimento Acorda Oswaldo Cruz.

                                                                                              Por Big Richard

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